domingo, 20 de maio de 2012

Agora.
Está na mata molhada em meio ao mangue.
Lua minguante.
Da onda salgada sentia a doçura do encontro com o rio à mar.
Amar era o desafio quando muitos o queriam caçar, matar e dele fazer cozido.
Suas anteninhas até viram que no meio virtual tinha receita de matar caranguejo.
Caras de pau!Querendo comer Maria- Farinha do manguezal com farinha e coisa e tal.
Tudo bem que do manguezal surge o sustento de muitos que caçam ao natural.
Mas, alto lá! E quem só quer lucrar?É direito de defesa do animal buscar um galho alto no manguezal!
Proteção, vida livre agora! Bora desintoxicar e despoluir agora.

 

Na grande maioria das vezes esses muitos matadores eram mitos vivos dentro que tomavam forma fora.
Sombras dissipadas com a luz das noites estreladas, cheias de lua, estateladas, estracnadas no céu.

E quando a maré tá cheia bora procurar um galho pra ver as estrelas!
Eis a hora de criar sentindo a onda vibrar e a brisa no ar!

Ah, essas estrelas tão molhadas no céu, parecem estrelas do mar.
Depois de ter enfiado minha cabeça na lama e estar cheio de areia feito farinha oceânica,
quero, já sinto e espero tranquilamente pelo aconchego do lar. Amar.
As vezes, chego com tudo e tem quem vem me adorar.
Só que me escondo e fico na minha carapuça.
"Medroso" dizem uns, "Traiçoeira essa Maria Farinha Danadinha", sentem outros.
"Aparece a nos cativar e depois se esconde a nos desprezar...".
Eu e minhas ostras, abrindo feito lótus na lama, dentro de mim.
No alto do galho ao anoitecer vejo meu rabo de gato se balançar formando pontos de interrogação.
Perguntas dispostas, curiosidade gatuna em explorar e ao mesmo tempo: pra quê resposta?
Está tudo aqui: eu, você, o galho, o gato, o rabo, a mente, a semente, a estrela cadente.

Viu?
Acabou de passar. Outra vez. E daquela vez que passou (sei que você se lembra), ficou marcado ai no peito. Todo momento é um presente, ás vezes voltamos no passado que hoje ausente volta a se tornar presente.
"Ai que caranguejo preso ao passado. Fica esperto ou vou te comer mal passado!"...
Ai gente mau! Sem me levar a mau. Sim, me isolo, mas sou muito mais do que um lobo mau da estepe.
Como o gato gosto de contato e também aprecio a solitude.
Todo mundo é lobo por dentro, da velhice à juventude, no sentido de que tem hora que se faz preciso:
pra ouvir nossa intuição correr com os lobos que uivam ao coração, que cantam à inspiração e resgatam o nosso lado selvagem, tão desmascarado, tão ele mesmo.
Assim, podemos voltar inteiros. Participar, compartilhar, arriscar, errar, acertar, amar.Sermos o que somos. Cromossomos tão simples e tão além do que somos. Mosaicos frágeis e fragmentados coloridos de vida a se unir, a se fortalecer, a se desenvolver.

Para além da existência. Aqui na consistência: agora. Solistencia.

Agora, a se integrar, a se entregar...

Só a suspirar, no lar dentro de mim. A se estender. A se expandir.
Por todo o mangue, por toda terra, por toda praia e fronteira afora.
Ondas que vem e vão, ondas que vêem e falam. E sei que podes me ouvir com os olhos da intuição...
Somos todos tão diferentes e únicos, tão semelhantes ao mesmo tempo. Ah, o tempo. Como passa.

Agora.
Passado, presente, futuro. Agora e agora. Tão tranquilo e tão caótico. Só agora. Na lua, Sol agora.
Toda hora, a possibilidade destrutiva agindo no que mata a mata.
Graças à possibilidade viva e criativa da energia vital que flui, flui, flui, flui...a todo momento!!!!
Amor na mente.
Somos todos uma grande farofa cósmica do universo...
Fragmentos oceânicos que despertam um a um, cada um só, juntos sóis, Sol,som...


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